Só 1% dos municípios atingem nota de países desenvolvidos

Em 21/06/08 14:08. Atualizada em 24/01/12 08:26.

Só 1% dos municípios atingem nota de países desenvolvidos

da Folha de S.Paulo

Apesar de a maioria das escolas e municípios brasileiros terem cumprido suas metas de melhoria para 2007, os dados do Ideb divulgados ontem mostram que, na 4ª série, só 739 escolas (2% do total) e 54 municípios (1%) já atingiram ou superaram a média 6.

Numa escala de zero a dez, esse é o patamar que se espera que todo o país alcance até 2021. Na 8ª série, onde a meta até 2021 é de 5,5, o número de escolas ou cidades que já chegaram ao nível projetado é menor ainda: 189 escolas (0,7% do total) e sete cidades.

Cada escola ou município, no entanto, tem sua própria meta até 2021, com estágios parciais acompanhados a cada dois anos. Isso significa que mesmo as escolas ou cidades que hoje já estão acima da média também têm que melhorar.

Em 2007, atingiram a meta parcial neste segundo ano de monitoramento 81% dos municípios na 4ª série e 73% das cidades na 8ª série. Das escolas, 70% cumpriram as metas parciais na 4ª série, percentual que cai para 61% na 8ª série.

Nesta segunda fase de divulgação do Ideb (na semana passada, o MEC disponibilizou dados de Estados e regiões somente), foi possível também comparar o desempenho da rede pública com a privada. Em todos os níveis de ensino, as particulares vão melhor.

Na 4ª série, o Ideb delas é de 6, ante 4,2 da rede pública. Na 8ª, os índices são, respectivamente, de 5,8 e 3,5. No ensino médio, ficam em 5,6 e 3,2.

No caso das particulares, não há informação para cada escola porque elas participam da avaliação do MEC apenas com uma amostra de estudantes.

Para o pesquisador Naércio Menezes Filho, do Ibmec-SP e da USP, as metas parciais para 2007 foram atingidas com facilidade porque foram fixadas em níveis mais baixos para os primeiros anos. Ele não nega, no entanto, que esteja havendo melhoria, especialmente no ensino fundamental.

"O que mais explica o desempenho dos alunos é a educação dos pais, especialmente da mãe. De uma geração de mães para outra, verificamos uma melhoria na escolaridade. Isso se reflete no desempenho dos alunos, mas, no futuro, esse efeito diminuirá, e os indicadores de educação só continuarão a melhorar se houver mudança na gestão do sistema."

Reynaldo Fernandes, presidente do Inep, diz que as metas foram propositadamente mais baixas porque o MEC considerou que a atual geração de alunos já estava na escola quando foram feitos os pactos de melhoria. Ele diz que as metas ficam mais rígidas a cada ano.

As metas do Brasil para 2021 são as médias já atingidas pelos países desenvolvidos.

Para a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, isso não significa que, daqui a 13 anos, o Brasil continuará defasado, porque a evolução do país deverá ser mais rápida do que a dos que estão no topo.

Fonte: Folha/SP